Sei que nesse exato momento você deve estar pensando que com você nunca foi assim. Pois bem, mas saiba que, infelizmente, muitas pessoas são atraídas por histórias trágicas, ou por fofocas.
No próprio facebook muitas pessoas colocam a frase: "Cuide de sua vida", "Quer saber da minha vida por que não me pergunta?", e assim vai.
Nitidamente as pessoas se irritam quando são "vigiadas". Mas por que então se expõem num rede social? Há um aplicativo que ainda informa onde você está e com quem. E depois reclamam que estão se preocupando com sua vida. Temos que entender que muitas vezes damos abertura para isso. Pode ser inconsciente, mas no fundo queremos ser notados. Carência? Narcisismo? Não importa. Mas olhar para a vida alheia é um atrativo. Saber que o outro está bem, pode ser reconfortante. Mas o contrário também ocorre para muitos. Parece até perverso, mas tem pessoas que precisam saber que tem gente em situação pior que a sua. Como se a vida dela não fosse tão ruim assim, ou para se sentir normal, visto que muitas pessoas passam pelo mesmo (exemplo: um rompimento amoroso).
Mas e as tragédias? Por que atraem tanto? Recentemente um canal de televisão colocou um programa no ar onde ressaltava histórias de brasileiros que fazem a diferença (projetos sociais, invenções para beneficiar o próximo, etc). Deu audiência? Não! Parece que assistir algo assim é insosso. Por que? Não é legal saber que tem pessoas maravilhosas nesse mundo? Saber que não somos seres tão ruins. Mas um programa que fala sobre um assassinato, estupro, atropelamentos, homens bombas e golpes atrai muito mais. As pessoas podem ficar até mesmo meses falando de uma tragédia. "Você viu aquela história de menininha que foi jogada do sexto andar pelo pai?", "E aquela moça que foi assassinada pelo ex? Ela era tão bonita". A mídia chega a explorar esses temas e até abusar deles. E nossa mente como fica? Somos bombardeados constantemente por notícias assim. Qual o impacto em nosso comportamento quando estamos sempre escutando histórias pesadas?
A comparação com a vida do outro é algo quase que inevitável. Principalmente nos tempos atuais, onde vivemos constantemente conectados uns aos outros. Nos "vendemos" felizes, bem resolvidos, satisfeitos com a vida. Por que precisamos fingir uma imagem perfeita? Também não podemos colocar nossa realidade nua e crua quando estamos enfrentando uma fase difícil na vida. Já pensou? "Acabei de levar um fora, estou ganhando super pouco e devendo muito, minha mãe é muito chata, estou gorda e mal humorada.... Ah... acho meus amigos um bando de falsos". Credo! Já imaginou qual seria a reação das pessoas ao lerem um perfil desse. Mas tem momentos em nossas vidas que passamos pela "fase negra", onde parece que tudo dá errado. Querer compartilhar os momentos bons é saudável, mas fingir uma imagem boa e ficar se comparando com as imagens que os outros vendem só aumenta a fantasia de um mundo cheio de ilusões.
Se apegar à desgraça alheia e achar que sua vida não é tão ruim assim pode te levar à uma passividade. Por exemplo: é normal pensarmos que temos sorte por que muitas pessoas nem estudo tem. Mas não é saudável manter-se num relacionamento infeliz por que tem vergonha que os outros possam saber que você está solteira novamente. Achar que vão ter dó ou que vão te rotular como encalhada. A vida é sua, e só vão comentar a quem você der abertura! Preserve-se.
Fatalidades sempre vão ocorrer. Fato! Mas especular a desgraça alheia não nos fará mais feliz, pode sim nos deixar mais passivos em relação a nossa vida. "Já que todo mundo está se separando é por que casar não vale a pena"ou "Nossa, fulana apanhou do marido... Até que meu casamento não é tão ruim assim, pois o meu nunca me bateu, apenas grita comigo".
Pense que devemos sempre sentir paz dentro de nós e por mais difícil seja evitar uma comparação, tente seguir sua essência. Caso precise comparar, que seja pela admiração ao próximo. Essa sim nos move adiante.
Um excelente dia e uma boa reflexão.
Mariza Matheus
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