Medicina X Espiritualidade

Estava aguardando meu atendimento de Shiatsu (adoro e recomendo!) quando decidi folhear uma revista. Nada de extraordinário, mas um artigo me chamou a atenção: "Todos os Santos" por Reginaldo Manzotti (padre).

Meio que desdenhando o artigo virei a página sem dar importância. Mas, não sei explicar, voltei ao artigo para ver o que um padre escreveria numa revista destinada ao público feminino. Não sou católica, aliás, acho que minha religião é ser uma pessoa boa. Acredito que todas as religiões te levam ao mesmo caminho, ser bom e evoluir como pessoa. Portanto, apoio todas que façam o bem ao próximo. Mas voltando ao assunto (tenho essa mania de dispersar hehehe). Na parte onde especificava os santos eu confesso que não me interessei, pois era uma oração para todos os santos e acredito que para os seguidores (fiéis) desta filosofia (ou religião) possa ser bem interessante. Mas no final do artigo tinha um espaço reservado com perguntas de leitoras para o padre. Fiquei surpresa com a resposta dele. A leitora perguntava o seguinte:

"Padre, como tirar essa vontade de suicídio da minha cabeça?"

Antes mesmo de ler a resposta o meu PRÉ-conceito já pensou que ele responderia que ela deveria amar mais a Deus, seguí-lo com mais fé, blá,blá, blá. Mas não! A resposta dele foi bem ponderada e respeitando tanto a medicina como a espiritualidade. Adorei! Ele não tentou "puxar a sardinha"para seu lado e nem muito menos denegrir a ciência. Parabéns! Fiquei até envergonhada de mim por ter tido um pré-julgamento de um padre sem ao menos conhecê-lo. Se escrevo aqui (agora) é para mostrar que podemos nos surpreender com as pessoas e também para mostrar que não sabemos tudo e pelo fato de não concordarmos com um conceito, religião ou filosofia que o outro possa estar errado. Acredito que há sábios espalhados por todos os lados e que nós devemos ao menos escutar o que o outro te  a nos ensinar. Vou colocar um trecho da resposta dele e diga-me o que VOCÊ PENSA a esse respeito. Concorda com a resposta dele? O que você falaria para essa leitora que pensa em se matar?

"Primeiramente, procure ajuda profissional, por que esse desejo de morrer é um dos indicadores de depressão. Nesse caso, é necessário fazer uma investigação clínica e iniciar tratamento com remédio e, provavelmente, terapia. Tenho insistido sempre que a cura ocorre em duas vias: a da Graça e a da Medicina. Busque tratamento espiritual..."

A resposta é longa. Mas achei que ele pregou o que acredita (a espiritualidade, mas não negligenciou a ciência). Já li em muitos sites onde o "orientador"dizia que a depressão só poderia ser tratada através da própria vontade e que nada adiantaria tomar remédios, pois estes só iriam deixar a pessoa dopada. Lembro-me quando li isso fiquei horrorizada, pois pelo que tinha percebido, a autora do blog tinha muitos seguidores e portanto, sua opinião seria importante para essa leitora. Imediatamente entrei em contato (por email) dizendo que ela não sabia exatamente o que se passava com aquela pessoa e que poderia ser um quadro de depressão grave ou outro transtorno psiquiátrico. Orientá-la  a não tomar remédios ou dizer que o médico a doparia é um absurdo e poderia colocar em riso a vida dessa mulher. Se ela acredita que meditação era a solução, ok, mas nunca fale a uma pessoa que depressão não é doença. Faça que nem esse padre, que pediu para que a mesma buscasse, além da ajuda espiritual, a orientação profissional, por um especialista médico.

Devemos ter muito cuidado com as palavras, pois sempre teremos pessoas que nos escutam. É uma grande responsabilidade ter pessoas que confiam em nós. A palavra pode ter uma força impressionante, tanto para a cura como para destruição.

Hoje aprendi que alguns dos meus conceitos estavam errados. Pois generalizei algo que pouco conhecia. Parabéns Padre Reginaldo Manzotti. Desejo-lhe que continue ajudando muitos de seus fieis. Agradeço por entender que a medicina é uma contribuição para o ser humano e nada tem a ver com as crenças que cada um tem direito de seguir ou acreditar. 

Que todos possam aprender e se surpreender sempre.

Mariza Matheus.

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