Primeiramente gostaria de ressaltar que nem todos os casos de depressão precisam de antidepressivos. Prescrevo nos casos graves, moderados ou resistentes. Tristeza acontece, e frustrações também. O estado depressivo é uma alteração no humor que persiste por pelo menos 2 a 4 semanas. Nós reagimos aos acontecimentos da vida. Normal!
Atendi, há alguns, anos uma jovem que foi medicada com fluoxetina (um antidepressivo) dois dias antes. Ela me disse que acabara de perder seus pais num acidente de carro e, com o choque, foi ao pronto socorro. O clínico prescreveu um antidepressivo e a mandou pra casa. O antidepressivo leva tempo para iniciar seu efeito terapêutico e não pode ser administrado a cada choque ou tristeza que uma pessoa sofra. Perder alguém já é dolorido ainda mais num caso desses. É claro que a moça ficaria arrasada, mas por que entrar com antidepressivo? Segundo ela, não estava com humor rebaixado nos últimos tempos, apenas muito triste por perder seus pais. Em casos como este, geralmente prescrevo um calmante (uma caixa apenas) para ajudar o paciente enfrentar essa primeira fase do luto. Tem casos que é preciso entrar com antidepressivo, mas geralmente é por que tem outras comorbidades ou até uma depressão mascarada atrás da perda.
Lembre-se, reagir a um acontecimento é normal. Se algo deu errado você precisa enfrentar e não sublimar com um medicamento. Utilize o psicofármaco apenas quando recomendado pelo seu médico (de preferência o psiquiatra) e evite tomar o "remedinho" da amiga ou vizinha. Enfrentar as perdas e lutos da vida ajuda-nos a amadurecer e superar obstáculos. O remédio ajuda, mas apenas no sintoma (quando bem indicado).
Um forte abraço
Mariza Matheus :-)
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